Pérola negra em prosa
“Olhos de Azeviche” (Malê) reúne contos e crônicas de dez autoras negras brasileiras contemporâneas
Os amantes da literatura já têm o que comemorar nesse começo de ano: será lançado, dia 7 de fevereiro, o livro “Olhos de Azeviche: dez escritoras negras que estão renovando a literatura brasileira” (Editora Malê, 142 páginas, R$40). O livro conta com 20 contos que mostram os afetos e dramas negros, numa coletânea escrita por dez escritoras negras brasileiras.
A coletânea reúne contos e crônicas de diversas escritoras, das mais consagradas, como Conceição Evaristo, vencedora do Prêmio Jabuti em 2015, e novatas, como Taís Espírito Santo, estreante em publicações impressas, mas que há tempos divulga textos no blog pessoal. Além delas, marcam presenças não menos significativas as autoras Ana Paula Lisboa, Cidinha da Silva, Cristiane Sobral, Esmeralda Ribeiro, Fátima Trinchão, Geni Guimarães, Lia Vieira e Miriam Alves.
A concepção do livro deu-se pela necessidade que um dos fundadores da Editora Malê e editor do livro, Vagner Amaro, 40, viu de ampliar a divulgação de escritoras negras brasileiras, aumentar a diversidade e mostrar a visão que elas possuem, diferente se comparada ao que já se conhece dentro do mercado editorial brasileiro, marcado principalmente por escritores brancos.
O próprio nome do livro, “Olhos de Azeviche”, remete à essa visão. O azeviche, também conhecida como “âmbar negro”, é uma pedra e algumas crenças acreditam possuir um poder curativo e de harmonização. “A imagem poética que criamos para este título está relacionada ao olhar destas mulheres negras, a negritude como uma marca identitária que se apresenta nos textos, por uma forma de ver o mundo, transcrevê-lo e funcionalizá-lo, com total liberdade de temas e estilos”, afirma Vagner.
Miriam Alves. Foto: divulgação.
Esse ponto de vista está expresso nos textos de Miriam Alves, 64, que desde os anos 1980 possui obras publicados no País. O primeiro é um livro de poemas, “Momentos de Busca”, datado de 1983 e custeado com o 13º da escritora na época. Com o decorrer dos anos, publicou diversos outros trabalhos arcando do próprio bolso ou através de editoras independentes, como o livro de poesia “Estrelas nos dedos” (1985), a peça “Terramara” (1988) em coautoria com Arnaldo Xavier e Cuti, o livro de ensaios “Brasilafro autorrevelado” (2010), a coletânea de contos “Mulher Mat(r)iz” (2011) e ainda o romance “Bará na trilha do vento”(2015).
Ela agora é uma das autoras presentes nessa coletânea. A poeta e prosadora acredita na importância no lançamento de “Olhos de Azeviche” para dar mais visibilidade para a escrita das mulheres negras brasileiras. “Tem a questão dos próprios textos que abordam temas de uma qualidade literária indiscutível” afirma Miriam.
Fonte: O DIÁRIO DO NORTE DO PARANÁ